Não é de hoje que toda educadora e educador se preocupa em fazer com que os seus estudantes sejam protagonistas da sua própria aprendizagem. Mas, na prática, a teoria pode ser outra, não é mesmo? Por isso, uma dúvida comum que surge é: “como elaborar essa experiência de aprendizagem de forma adequada, promovendo a reflexão e a metacognição do estudante?”. A chave para nos ajudar a responder a esta pergunta está no planejamento!
Para entender melhor, vamos pensar em um exemplo simples: nas férias de janeiro você resolve alugar uma casa na praia. Quais são os próximos passos a serem tomados para que a sua viagem aconteça? Você precisa pensar em quanto tempo você ficará por lá; qual meio de transporte vai usar; o que vai levar na mala etc. É bastante coisa para organizar e, justamente por isso, planejar é primordial. E com a sala de aula não é diferente: para construir uma experiência de aprendizagem adequada é preciso planejar!
Mas por onde começar? Da mesma forma que você começou a planejar a sua viagem: pelo final! Você não começou a organizar a sua viagem pela mala, não é mesmo? Mas sim pelo destino! Com o planejamento de uma experiência de aprendizagem é a mesma coisa: é preciso definir, primeiro, qual é o seu objetivo, aonde você quer que os seus alunos cheguem! E então, só depois, pensar nas próximas etapas. Isso se chama planejamento reverso (Wiggins & McTighe, 2019). Nesta metodologia, primeiro é definido o objetivo de aprendizagem, depois as evidências de aprendizagem e, por fim, a experiência em si, ou seja, a sequência de aprendizagem construída para atingir este objetivo específico.
A metodologia do planejamento reverso é super importante (e útil!) ao pensarmos no processo de ensino e aprendizagem que tem, como elemento norteador, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). A BNCC traz as habilidades, as competências específicas e gerais que precisam ser desenvolvidas em cada ciclo, em cada área do conhecimento, e o planejamento reverso faz com que a gente não se perca no meio do caminho e nem fuja da rota!
Nesta proposta, passamos por algumas etapas:
Pergunte-se o que é que, ao final de uma sequência de aulas, os seus estudantes precisam atingir ou conseguir fazer. Pode ser, por exemplo, interpretar os efeitos produzidos pelo uso de recursos expressivos sonoros, como as rimas, em poemas. É como se estivéssemos definindo, pensando nas nossas férias de janeiro, a qual praia ir.
Definido aonde se quer chegar, pense em quais são as formas de verificar que os alunos atingiram, de fato, o objetivo delimitado. Quais são as evidências que você vai coletar para saber que os seus alunos estão aprendendo? Como você vai acompanhar este processo? Voltando para a analogia da viagem, nesta etapa, definiremos nosso termômetro de sucesso, ou seja, o que iremos observar para dizer que a viagem à praia foi bem sucedida.
E, por fim, chega o momento de construir as experiências de aprendizagem! Quais são as habilidades e conceitos que precisam ser desenvolvidos para atingir determinado objetivo? Quais estratégias podem ser utilizadas? Quais serão as ações dos alunos em cada uma destas etapas? Quais serão as ações do educador? Este seria o momento de escolher qual estrada seguir: a mais curta, mas cheia de buracos; ou a mais longa, mas com uma vista bonita? Não há uma resposta correta, pois a escolha da estrada vai depender da sua intenção. Com a construção das experiências de aprendizagem é a mesma coisa: tudo vai depender da intenção do educador. Mas isto é assunto para uma outra conversa!
Então., me diz uma coisa: para qual praia você irá nas próximas férias, hein?
Ah, caso queira dicas sobre planejamento de aulas e planejamento estratégico, baixe aqui nosso material sobre Narrativas 2021: Criando aulas apaixonantes no ensino híbrido.
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Referência Bibliográfica:
WIGGINS, G. J.; MCTIGHE, J. Planejamento para a compreensão: alinhando currículo, avaliação e ensino por meio da prática do planejamento reverso. 2. ed. Porto Alegre: Penso, 2019.